sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Jogos Florais (Poema)




JOGOS FLORAIS I

Minha terra tem palmeiras

onde canta o tico-tico.

Enquanto isso o sabiá

vive comendo o meu fubá.

Ficou moderno o Brasil

ficou moderno o milagre:

a água já não vira vinho,

vira direto vinagre.

Jogos Florais II

Minha terra tem palmares

memória cala-te já

Peço licença poética

Belém capital Pará

Bem, meus prezados senhores

dado o avanço da hora

errata e efeitos do vinho

o poeta sai de fininho.

(será mesmo com esses dois essesque se escreve paçarinho?)

Análise do poema

O poema de Cacaso “Jogos Florais I” é uma paródia de Canção do Exílio de Gonçalves Dias. Na primeira estrofe o poeta desmistifica o símbolo romântico Sabiá e esboça, na segunda estrofe, uma crítica ao chamado milagre econômico dos anos 70. “Jogos Florais II”, intertextualmente, retoma a paródia de Oswald de Andrade, fazendo uma crítica social (referência ao quilombo dos palmares) e à língua portuguesa (paçarinho).

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